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O Centro do Mundo


Agora, sim. Está começando a cair a ficha.

Sim, porque uma coisa é o Brasil realizar uma Copa do Mundo, sendo candidata única e com um rodizio definido pela FIFA que praticamente nos deu a competição de bandeja.

Outra, muito diferente, é o que aconteceu ontem, em Copenhague.

O número de exigências é gigantesco para se sediar uma Olimpíada e os membros do COI não tem nenhuma intenção, nem motivo para serem bonzinhos. Lá, o bicho pega mesmo. Então, não tem nada de diminuir o feito do Rio, não.

Pode-se dizer que fazer uma Olimpíada em solo Sul-Americano tem todo um apelo político e coisetal. Então porque outra cidade (ou país) abarcou a ideia? Ora, porque a concorrência é absurda e dir-se-ia a uns anos atrás, ser impossível uma cidade do Terceiro Mundo bater os poderosos do hemisfério norte.

Pois é, o impossível aconteceu.

E a choradeira de Madri é algo típico de quem foi metrópole e agora leva uma rasteira da colônia de índios. Dizer que era "tudo carta marcada", blá-blá-blá, que coisa mais feia. A gente sabe que eles não estão acostumados a perder, mas, bem de vez em quando, isso acontece señores...

O projeto era sim, muito forte e sua apresentação foi suficientemente convincente.

Tem muitas coisas que eu queria escrever, mas como o tema me apaixona, temo ser demasiadamente extenso, então vou listar alguns aspectos que me chamam mais a atenção:
  • Antes de mais nada, sou a favor de trazer as duas competições pra cá, mesmo que para realizá-las teremos gastos exorbitantes. Acredito que os benefícios a médio e longo prazo são altamente compensadores. As imagens do esporte são muito fortes e positivas. Isso pode ser uma alavanca para montar políticas públicas mais eficientes para nossas futuras gerações, do ponto de vista da saúde e cidadania;
  • "Ah, mas vai ser só mais uma oportunidade para roubarem à vontade". Até é, e o Pan foi uma experiência ruim neste sentido de gastos mal-calculados (e possivelmente recursos desviados do seu fim original). Só que parece que é só no esporte que isso acontece. O Diogo Olivier da Zero Hora escreveu uma frase brilhante sobre isto:
    "A corrupção não exige megaeventos para lançar seus tentáculos. O caso do Detran está bem perto de nós, e nem por isso se vê alguém defendendo o fim das carteiras de motorista".
    Óbvio, que não estou justificando um ato nojento como desviar dinheiro do povo. Mas a fiscalização tem que ser feita em todas esferas e o esporte não pode pagar o pato disso. Temos que saber o que atacar;
  • "Ah, mas o Brasil tem outras prioridades". Sim, tem. Mas acho que determinadas oportunidades não podem deixar de ser aproveitadas. E por mais que eu tente ver o ponto de vista de outras pessoas contrárias a isso, não consigo ver a realização de uma Copa e uma Olimpíada como algo negativo para o nosso país;
  • Afora as questões de políticas públicas e de comando do seu grupo de trabalho (e pelas quais, ele jamais terá meu voto novamente), devo admitir que o nosso presidente teve papel imprescindível neste processo seletivo.
    Seu poder de persuação e de emocionar as pessoas com seus discursos é impressionante.
    Lula conseguiu no seu mandato trazer os dois eventos esportivos mais importantes que existem. Isso não foi coincidência.
    Sem ele, não acho que teríamos conseguido. Várias publicações pelo mundo, o colocam como um dos chefes-de-estado mais influentes do mundo.
    Eu diria - sem ufanismo, porque está longe de ser o caso - que Lula hoje, é sim, O estadista mais respeitado do planeta.
  • E por fim, acho que a partir de agora não dá mais pra ter lugar pra aquele "Complexo de Vira-Lata", preconizado por Nélson Rodrigues, lá no século passado. Nos darem a possibilidade e a responsabilidade de realizar a Olimpíada é como um atestado de confiabilidade do nosso país no cenário internacional.
    Se os outros nos dão essa moral, porque a gente continua teimando em autoespezinhação. Que coisa chata. Yes! We Créu!
  • O Falcão escreveu uma coisa fundamental também para quem acha que o resto do Brasil não tem nada a ver com a Olimpíada:
    "Nesta hora não é o Rio, é o BRASIL que está sendo desafiado a provar sua vocação para a grandeza".
    Está certíssimo. O Rio, por mais que nosso bairrismo não nos deixe admitir, é a cara do Brasil no exterior. Mas todo povo brasileiro deve se sentir parte desta grande conquista.
No meio da próxima década, o Brasil e mais precisamente, o Rio, será o Centro do Mundo. Isso tem que ser motivo de orgulho, tchê!!!!

E desde já começarei a fazer uma poupancinha todo mês.

Se eu e a Pati estivermos vivos até lá e o mundo não terminar em 2012, vou viver meu sonho olímpico, senão como atleta que sempre fui, como torcedor e brasileiro.

Cavalo encilhado não costuma passar duas vezes e esse cavalo então, acho que nem daqui a algumas reencarnações (olha o Complexo de Vira-Lata aí de novo)...

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