
Estreia em romances do grande cronista da Zero Hora e Estrela Móvel do Pretinho Básico, David Coimbra.
Com sua escrita envolvente e veloz, com frases curtas à la Hemmingway, ele conta a história verídica do medonho crime da Rua do Arvoredo, onde em 1864, José Ramos e Catarina Palse fizeram o terror imperar na cidade de Porto Alegre.
Para quem não conhece o causo, os assassinos eram donos de um açougue e utilizavam suas vítimas para fazer linguiça, que pelos relatos da época, era a mais famosa da Província, tranformando inadvertidamente toda a população portoalegrense em incautos canibais.
Com uma mistura perfeita de suspense, ambientação histórica e pitadas de humor, o autor nos conta o fatídico episódio com extrema habilidade do início ao fim.
E ao seu favor, ele tem uma qualidade que faltou a Jô Soares, por exemplo, em Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, que é a de não se tornar pedante na caracterização da cidade e do país na época. Jô, para mostrar que sabia tudo do Rio de Janeiro dos anos 20 viaja em milhões de explicações desnecessárias para a trama, perdendo toda a agilidade do texto. Erro que Coimbra, não comete, pontuando todas (ou quase) as observações históricas em prol da história.
Pode ter romanceado demais uma história de terror, mas eu adoro esse tipo de narrativa que mistura personagens reais e fictícios - e em ambos casos, são tão bem construídos, suas motivações e personalidades, que nos apaixonamos por todos eles -, então para mim, foi a maneira mais legal de conhecer esse evento tão famoso aqui pelos pampas.
Baita livro!
Nota: 9,0
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