E puxa vida, que lataria! A minha mente devia estar muito a milhões quando escrevi essas viagens.
E eu nunca fumei nada do Vitalino! Tava era muito filósofo mesmo...
Vou postar 2 desses textos, um de cada vez (tentei colocar em arquivo ripado, mas ainda sou meio burrão nesse negócio de blog e não soube fazer, heheahaheha). Quem quiser ler essas pérolas que se cuide, lá vai a 1ª, onde a tarefa era sobre escrever sobre o futuro...:
Pergunto-me, primeiramente, qual a validade de conjeturarmos sobre coisas que irão acontecer futuramente. Penso que este processo exige uma reflexão muito mais lapidada, elaborada, senão corremos o risco de estarmos sendo superficiais e inócuos ao tratar do assunto. Podemos até falar que achamos que 'isto pode acontecer', 'se isto ocorrer'...blá, blá, blá...e não entrar a fundo em questões realmente relevantes, já que apenas poderão ser possibilidades a se concretizarem, ou não. Portanto, não valem o tempo (nem o esforço) perdido para a elaboração de um texto assim, no qual não teremos nada mais que meras especulações.
Ou então, temos outra opção, onde permitimos a nós mesmos tratar deste tema com a entrega e introjeção necessárias para obter um bom enfoque, pois vejo que é preciso um tanto de “desacomodação” em um trabalho assim. O homem é assumidamente um animal de hábitos e, historicamente, não é muito chegado à auto-reflexão, ou pior, à autocrítica.
Uma perspectiva futurística nos leva a várias perguntas que costumeiramente não fizemos a nós mesmos (nem gostamos que nos façam, sob pena de irmos de mansinho mudando de assunto...). como: quem somos; quais são nossos valores e objetivos na vida; de que forma nos relacionamos com o ambiente em que vivemos, etc. Não é muito a nossa praia, tão acostumados ao imediatismo das coisas e à velocidade das novas tecnologias.
Não temos tempo, nem interesse para mexer com estas coisinhas impertinentes. Simplesmente, vivemos a nossa vida e a aproveitamos da forma que achamos melhor, naquele momento. Você pode estar pensando agora: 'Eu não sou assim, eu me preocupo com as coisas, etc'. Ok. Vasculhe, então, a maior parte dos seus pensamentos diários e veja se sexo, trabalho, estética pessoal e bens materiais (só para citar alguns exemplos) não ocupam muito mais tempo, na sua mente, do que reflexões que abarquem mais nossas relações sócioambientais.
Comentarei melhor sobre o que penso deste assunto, mais adiante. Por enquanto, apenas quis mostrar o quanto é, como falei anteriormente, incômodo mexer com estas coisas. Respondendo então meu primeiro questionamento, vejo que é válida esta conjectura, caso estejamos dispostos a fazer uma criteriosa análise interior, a titulo de desenvolvimento pessoal, e, por conseqüência, de tudo à nossa volta. Fora disso, é perda de tempo.
Sendo assim, a minha consciência manda que, mesmo dando mais trabalho (desacomodação), eu fique com a 2ª alternativa de abordagem. Feito isto, a pergunta agora é: como fazer uma análise sobre o que não ocorreu ainda? A despeito de me preocupar em seguir uma linha de análise, como a cartesiana (mais parcializada) ou então, a capriana (mais globalizada), observo que temos algumas pistas por aí que podem nos ajudar a montar esse imenso quebra-cabeça sem rosto.
Desta forma, inicio minha reflexão abordando duas coisas que vão comprovadamente acabar e que vão mudar radicalmente toda nossa maneira de nos relacionamos com o meio ambiente: petróleo e a água.
O petróleo está em, basicamente, duas coisas que são de uso diário de praticamente todos os seres humanos, como os combustíveis (gasolina, GLP. etc) e os inúmeros plásticos que existem. Acredito em mudanças que deverão se observar a partir da substituição deste produto e que serão extremamente benéficas para a humanidade. No caso dos combustíveis, ele será substituído por uma fonte de energia muito mais abundante e menos agressiva ao meio, provavelmente, energia solar e hidrogênio.
Na Ásia, já existem carros movidos a hidrogênio e há até alguns postos que possuem bombas para abastecimento. Mas, ainda são minoria. Por esses atributos — e nem coloquei a questão financeira, já que estes elementos estão por toda parte e precisamos apenas da tecnologia apropriada para utilizá-los — os cientistas apostam, como certa, a substituição do petróleo pelas fontes de energia já citadas e outras mais ainda.
Quanto ao plástico, creio que impulsionará ainda mais a indústria da reciclagem (o plástico biodegradável, outra opção, ainda é muito caro — cerca de 4 a 5 vezes mais que o de petróleo — para ser utilizado em nível comercial), gerando melhor aproveitamento de resíduos orgânicos e inorgânicos. Nisto, vejo o princípio de uma compulsória conscientização ecológica, concretizada, meio que na marra, pois no futuro reciclar seu lixo não será uma opção pessoal e sim, questão de sobrevivência.
Mas, por que estas mudanças já não estão sendo implantadas, visto todos os seus benefícios ecossociais? Porque o homem age (e sempre foi assim, na nossa história), mais ou menos como fala o agente Smith para Morpheus, no filme Matrix, quando compara a ação do homem sobre o meio ambiente, como um vírus, o qual se aloja, em determinado terreno, suga toda a vida ali existente, para depois procurar outro local semelhante, para indefinidamente repetir o processo até que não haja mais nada a ser usado.
A grande indústria do petróleo — e sabemos que quem tem o poder econômico que possuem estas supercorporações, faz o que quer (vide ação dos EUA, passando por cima da ONU, na questão Iraque) — não tem o mínimo interesse que esta mudança ocorra, mesmo que gradualmente. Ela sabe que o seu produto está fadado a acabar, com certeza, antes do fim deste século, mas não abre mão de explorar todo o potencial monetário, até a última gota, adiando com isto um futuro de maior qualidade de vida para todos.
No caso da água, acredito que será semelhante ao dos plásticos, uma conscientização forçada, obrigatória para nossa adaptação às novas condições de vida que surgem no novo século. Até pouco tempo atrás, as pessoas não tinham a preocupação de cuidar da água, porque ela sempre pareceu tão abundante, afinal, aprendemos na escola que 75% do nosso planeta é água, não? Acontece que apenas uma pequena parte dela é apropriada para o uso humano. Seria o suficiente se soubéssemos utilizá-la corretamente.
O problema é que diante do alto crescimento populacional e péssima utilização, a água rareou. Meu pai escova os dentes deixando a água correr o tempo inteiro, já eu apenas molho a escova no início e no fim da escovação, além de enxaguar a boca, claro. É uma preocupação que a geração antiga não precisou ter, mas, que a minha já carrega. E as próximas que virão, saberão usar este recurso natural melhor ainda, Darwin explica.
Como o agente Smith, acredito que a teoria do vírus se aplicará para todos os aspectos ambientais restantes: biodiversidade, emissão de gases, ocupação de territórios (não causa um certo medo, o sonho de transformar a Lua e Marte em lugares colonizáveis, meio que prevendo o inferno em que vamos transformar o nosso planeta?), entre outros. Quando estivermos perto de dizimar um determinado recurso é que tentaremos salvá-lo e dar-lhe o valor devido.
Outro aspecto histórico do homem é o de aprender as coisas muito mais pela dor que pela inteligência, logo não vejo com estranheza esta nossa ação predatória. Embora alguns abnegados já alertem para o que estamos fazendo conosco mesmos, penso que a real conscientização só virá quando sentirmos na pele as conseqüências das nossas atitudes.
Uma situação parecida ocorre no tocante ao processo de globalização, ao capital vigente e às novas tecnologias. O maior problema não é o sistema em si, e sim, a forma arrogante e egoísta com a qual as grandes potências — leia-se aí, as pessoas que as dirigem - conduzem os trâmites internacionais, em detrimento dos países em desenvolvimento.
Dá-se, ai o paradoxo maior, no qual estes aspectos do desenvolvimento que deveriam beneficiar a grande maioria necessitada, já que seria urna 'recompensa', estas nações centralizarem tanto poder (há uma pesquisa que fala que se toda riqueza da Terra fosse dividida pelos seus habitantes, cada individuo viveria com aproximadamente R$ 600,00 mensais e logo, não teríamos avanços de nenhum tipo em áreas como medicina, informática, astronomia, entre outros).
Em outras palavras, o conhecimento, agora ‘democratizado' pela internet, TV a cabo e outras formas de comunicação, na verdade nada tem de democrático, pois fica sempre nas mãos dos mesmos afortunados, com uma pequena flexibilidade.
É ai, que retomo o modo como vejo que a maioria de nós, seres humanos, comportamo-nos diante dos fatos e da vida que nos rodeia. Vejo, na atuação do homem, o principal entrave para a evolução da humanidade. Cada pessoa assimila de maneira totalmente distinta um fato, uma lição, uma emoção.
Daí ser tão difícil querer que um determinado grupo de pessoas simplesmente comece a fazer algo por que viu e pensa que é 'bom'. Um exemplo: uso diário de filtro solar. Alguns vão seguir à risca, outros vão usar de vez em quando e outros nem vão dar a mínima. Há pessoas que, se veem uma criança, na rua, com frio, viram o rosto porque não se sentem bem, com o sofrimento alheio e há, outras que tiram do seu próprio corpo a roupa para agasalhá-la.
Eu poderia dar milhões de exemplos, mas o que quero dizer aqui, não é que existem pessoas 'boas', que ajudam o próximo e pessoas 'más', que não estão nem aí, e sim, que nós temos facilidades para algumas coisas e para outras, nem tanto. A partir do momento que conseguirmos ter preocupações individuais de uma forma inteligente, aprendendo a equilibrar necessidades básicas, distribuindo com a moderação necessária o tempo de sono, sexo, trabalho, lazer, comida, recolhimento espiritual, etc, penso que uma grande mudança estará acontecendo.
Na verdade, vagarosamente (obedecendo aos ritmos individuais de absorção e capacidade de aplicar na vida cotidiana as informações recebidas), isto já está acontecendo. Não é por acaso que, hoje em dia, pipocam livros e reportagens diversas sobre meditação, Yôga, Budismo, etc. A busca por uma maior harmonia individual e com o meio em que vivemos é latente e, mesmo lentamente, as pessoas estão tentando preencher estas lacunas.
Nós nos preocupamos demais com nossas necessidades pessoais e isto faz com que o nosso progresso coletivo não aconteça na velocidade que gostaríamos. Esta mudança, bastante lenta na nossa mentalidade, parece-me ser a grande sacada do milênio que acabamos de iniciar. A partir da melhora do indivíduo, então, é que haverá uma revolução integral na sociedade. Penso que não será fácil, muito menos, veloz, esta transformação.
Como já disse, o ser humano aprende mais dando com a cabeça na parede, do que com uma voz dócil ensinando-o e que esta prática pode ocasionar uma série de malefícios. Mas, aos poucos, engatinhando, vamos percebendo que não vivemos sozinhos e seja por interesses mútuos ou necessidade mesmo, a união é a melhor e menos desgastante forma de termos, verdadeiramente Qualidade de Vida.
Mais ou menos como aconteceu com o povo alemão e o japonês depois da 2ª Guerra, acredito isso voltará a acontecer, em uma escala muito maior — no caso, global! — e muito mais evoluída, em todos os sentidos. Todos se ajudando para recuperar (ou talvez instaurar novos) valores tão necessários para a vida em coletividade.
Não obstante, a complexidade e abrangência do assunto, creio na simplicidade que, a meu ver, irá se impor de qualquer maneira, qual seja, a de aprendermos e de organizarmo-nos melhor conosco mesmos e, por conseqüência, com o mundo em que habitamos.
Não diria que é uma visão otimista ou pessimista do assunto, e sim uma imposição e evolução natural, de acordo com o que já praticamos na nossa história passada e recente. Para mim, isto é o futuro - a continuação, sempre para melhor e a passos de tartaruga, de nossa caminhada na Terra."
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