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A filosofia Dunga


Não existe uma fórmula mágica no esporte. Pode-se ser campeão de várias formas diferentes.

Pode ser como o Brasil de 58 que apostou num menino de 17 anos para desequilibrar as partidas.

Pode ser como a Itália de 2006 que levou apenas dois gols durante a Copa toda.

Enfim, ninguém no mundo pode dizer que sabe a melhor forma de vencer.

Temos apenas alguns indícios - mesclar experiência com juventude, talento com dedicação, ser organizado, etc.

Mas de repente, também pode acontecer de um time como o Flamengo, que faz tudo ao contrário disso e acaba sendo campeão do Brasileirão, o campeonato mais difícil do mundo, então...

Por isso, discordo de muitas das opções convocadas pelo Dunga, mas o entendo. Qual é o paradigma de equipe vencedora que ele possui?

Óbvio, a Seleção de 94.

Era um time absolutamente dedicado e consciente de todo esforço que deveriam dispender para tentarem um resultado que há 24 anos o Brasil não conseguia repetir.

Não primava pelo brilhantismo como equipe, embora tivesse alguns jogadores brilhantes, mas também estava longe de ser um time de brucutus, embora tivesse alguns jogadores não tão técnicos assim.

E o Dunga mostrou com todas as letras, que busca esse equilíbrio nos 23 que convocou. Qualidade com mentalidade vencedora.

Por isso deixou alguns jogadores de fora, que mesmo que fossem até melhores tecnicamente que os que ele chamou, porque poderiam (ou não) não ter um comportamento como o esperado pelo técnico.

Ele procurou um espelho para o time de 94.

E comparando as equipes, podemos sonhar:

Taffarel x Júlio César - acho o atual mais goleiro ainda que o ex-colorado, mas este, tinha estrela, algo que não são todos que possuem, mas não fico em cima do muro: vantagem 2010.

Jorginho x Maicon - os dois melhores laterais-direitos do mundo à sua época. Empate.

Márcio Santos x Lúcio - ex-colorados, o eleito melhor zagueiro da Copa de 94, versus o atual melhor zagueiro do mundo. Mas o Lúcio ainda vai ao ataque: vantagem 2010.

Aldair x Juan - extremamente técnicos e elegantes. Empate de novo.

Leonardo, depois Branco x Michel Bastos - Leonardo e Michel foram convocados para a lateral, mas estavam jogando na meia, na época. Mas o Branco, esse sim, jogava demais (pra mim até mais que o Roberto Carlos). Vantagem 94.

Mauro Silva x Gilberto Silva - Na nobre briga em família, acho que a fase do Mauro era um pouco melhor que a do Gilberto, hoje. Leve vantagem para 94.

Dunga x Felipe Melo - nem comparação. Dunga era o capitão, mandava no time e ainda foi eleito para a Seleção da Copa. Larga vantagem para 94.

Zinho x Ramires - dois motorzinhos. O Zinho mais cadenciador e o Ramires, mais volume. Prefiro o segundo. Vantagem 2010.

Raí, depois Mazinho x Kaká - Raí era considerado há dois anos seguidos o melhor jogador das Américas e afundou na Copa, precisando ser substituído por mais um volante, Mazinho. Espera-se que Kaká não o repita. E eu assim acredito. Vantagem, boa, para 2010.

Bebeto x Robinho - Bebeto muito mais objetivo e letal que o habilidoso, mas às vezes inócuo, Robinho. Vantagem 94.

Romário x Luís Fabiano - Gênio x grande goleador. Sem comparação. Mesmo que Luís Fabiano faça mais gols que os 5 do Romário em 94, dificilmente desequilibrará tanto quanto o baixinho. Vantagem 94.

Placar: um apertado 5x4 para Seleção de 94.

Parelho, né? Pois é nesse modelo de time vencedor que o nosso técnico se baseia.

Então, tomara que ele consiga repetir a dose!

Eu discordo do modelo, mas acredito que possa dar certo, sim.

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