
Talvez eu não seja o cara mais confiável para falar sobre a série de TV mais comentada de todos os tempos.
É que até janeiro de 2010 eu nunca tinha visto um episódio sequer da trama do Oceanic 815, apenas por não ter acompanhado o início, daí teria que correr atrás e assim fui deixando...
Até que EU me vi em uma ilha. Todos os meus amigos comentavam o quão enigmática e fascinante era a série, coisetal. Num certo ponto, praticamente só eu ficava boiando nos assuntos Losticos.
Foi aí então, que me imbuí de coragem e resolvi encarar na corrida as 5 temporadas anteriores pra ver se conseguia ver o final da série junto com toda galera.
Com a minha esposa não aguentando mais ver a cara do Locke todos os dias a tardinha, consegui meu intento a tempo e cá estou a dar meu pitaco!
Fui fisgado de jeito pela história, seus detalhes, ótimos atores e seus personagens extraordinariamente bem construídos.
Claro que nestes 6 anos teve um pouco de encheção de linguiça, alguns truquezinhos desnecessários para captar a atenção do público, mas em geral, todo eixo central foi ligado com muita habilidade e desembocou em um final que certamente não agradará a todos, mas que de acordo com tudo o que foi mostrado, é muito pertinente, além de surpreendente.
Este episódio derradeiro até tem mesmo algumas cenas que poderiam ter sido melhor pensadas e ficaram um pouco clichê, tipo a morte do Locke e a Claire fazendo doce pra entrar no avião...
Outros podem dizer que a última cena, terminando no olho do Jack foi óbvia demais. Mas acho que internamente todo o fã de Lost sabia que esta seria uma escolha, até natural para o desfecho, que simbolicamente fecharia o ciclo (círculo?) começado lá em 2004.
No entanto, isso são apenas detalhes de um espectro muito maior. A condução e entrelaçamento das duas realidades - a da ilha e a alternativa - tiveram uma conclusão (se é que se pode dizer que algo terminou ali) que foi de extrema inspiração e bom gosto.
Vida e morte sob vários ângulos e perspectivas. Tanto que a igreja final possuía vários símbolos de religiões diferentes (havia uma estrela de david, um ankh, o yin yang, a cruz), em claro simbolismo de diversidade de pensamentos unidos em um só fim.
Diferente da interpretação da blogueira Camila Saccomori do Fora de Série do Clicrbs), eu vejo que eles viveram tudo, sim. A vida na ilha é que era a vida real.
A realidade alternativa é que era uma criação mental/espiritual coletiva deles para resgatar aquilo que tinha ficado para trás, pois eles nunca conseguiram esquecer a ilha.
Algo tipo, "vocês podem sair da ilha, mas a ilha não sai de vocês".
E o que era a ilha, afinal?
Não tenho a intenção de tecer maiores teses filosóficas em cima disso. O que ficou explícito é que se tratava de lugar que existe desde remotas civilizações (vide estátua de Taweret, deusa egípcia da fertilidade, o que a relaciona com a questão das grávidas na ilha).
Também tinha propriedades científicas relacionadas a eletromagnetismo, acelera metabolismos de cura (o que "explicou" o motivo das mulheres rejeitarem corpos estranhos - fetos - e não concluírem gravidez concebida na ilha).
Espiritualmente e mais importante, era um local onde pessoas que erraram muito, por motivos desconhecidos, tinham a oportunidade de uma 2ª chance, confrontando-se com suas falhas pretéritas, podendo vencê-las neste novo embate.
Acredito que este componente etéreo é que foi o x da questão.
Na verdade, vi o clímax de Lost como uma grande parábola sobre como às vezes acreditamos que certas coisas foram ruins na nossa vida e que só depois, com distanciamento, percebemos que foi o melhor para nós.
Durante todo o tempo, todos eles sempre quiseram sair da ilha.
Um trauma tão absurdo que depois de mortos, eles bloquearam essas memórias.
Por isso, criaram uma realidade pós-morte que espelharia o que tivesse acontecido se a queda do Oceanic 815 não tivesse acontecido.
E só no redentor final, puderam perceber o quanto aquela experiência na ilha tinha sido inprescindível para o seu engrandecimento pessoal. Aí, sim, eles poderiam "seguir em frente".
Então, algumas questões que foram atiradas aos espectadores (os números, as habilidades do Walt, a tal "caixa" que trouxe o pai do Locke para a ilha, etc, etc³) e que ficaram sem resposta "oficial", talvez não fossem tão relevantes diante de todo o espectro traçado.
Desta forma, acredito que talvez, o que mais importe não é o que tenha sido a ilha e suas propriedades fantásticas, mas sim, o que os personagens fizeram lá, como eles agiram em situações de absurda exigência física, mental, emocional...
No fim, o que vai ficar para a história é que foi uma série sobre pessoas, personagens imperfeitos e de alta complexidade que inúmeras ocasiões nos lembraram de nós mesmos e nos fizeram questionar: o que eu faria no lugar dele?.
Grande trabalho da TV americana e que vai deixar uma lacuna de difícil preenchimento.
Quero agradecer aos meus amigos por terem me convencido a assistir a esta história fantástica que terminou há dois dias atrás.
Espero que não achem meu texto uma resenhazinha de neófito deslumbrado, pois a culpa é de vocês por eu estar escrevendo-a neste momento!
E claro, pra finalizar, não vejo a hora de ver os astros de Lost, (especialmente Evangeline Lilly...), detonando no cinema em filmes de verdade, não de ultracoadjuvantes em xaropices como Guerra ao Terror...
É que até janeiro de 2010 eu nunca tinha visto um episódio sequer da trama do Oceanic 815, apenas por não ter acompanhado o início, daí teria que correr atrás e assim fui deixando...
Até que EU me vi em uma ilha. Todos os meus amigos comentavam o quão enigmática e fascinante era a série, coisetal. Num certo ponto, praticamente só eu ficava boiando nos assuntos Losticos.
Foi aí então, que me imbuí de coragem e resolvi encarar na corrida as 5 temporadas anteriores pra ver se conseguia ver o final da série junto com toda galera.
Com a minha esposa não aguentando mais ver a cara do Locke todos os dias a tardinha, consegui meu intento a tempo e cá estou a dar meu pitaco!
Fui fisgado de jeito pela história, seus detalhes, ótimos atores e seus personagens extraordinariamente bem construídos.
Claro que nestes 6 anos teve um pouco de encheção de linguiça, alguns truquezinhos desnecessários para captar a atenção do público, mas em geral, todo eixo central foi ligado com muita habilidade e desembocou em um final que certamente não agradará a todos, mas que de acordo com tudo o que foi mostrado, é muito pertinente, além de surpreendente.
Este episódio derradeiro até tem mesmo algumas cenas que poderiam ter sido melhor pensadas e ficaram um pouco clichê, tipo a morte do Locke e a Claire fazendo doce pra entrar no avião...
Outros podem dizer que a última cena, terminando no olho do Jack foi óbvia demais. Mas acho que internamente todo o fã de Lost sabia que esta seria uma escolha, até natural para o desfecho, que simbolicamente fecharia o ciclo (círculo?) começado lá em 2004.
No entanto, isso são apenas detalhes de um espectro muito maior. A condução e entrelaçamento das duas realidades - a da ilha e a alternativa - tiveram uma conclusão (se é que se pode dizer que algo terminou ali) que foi de extrema inspiração e bom gosto.
Vida e morte sob vários ângulos e perspectivas. Tanto que a igreja final possuía vários símbolos de religiões diferentes (havia uma estrela de david, um ankh, o yin yang, a cruz), em claro simbolismo de diversidade de pensamentos unidos em um só fim.
Diferente da interpretação da blogueira Camila Saccomori do Fora de Série do Clicrbs), eu vejo que eles viveram tudo, sim. A vida na ilha é que era a vida real.
A realidade alternativa é que era uma criação mental/espiritual coletiva deles para resgatar aquilo que tinha ficado para trás, pois eles nunca conseguiram esquecer a ilha.
Algo tipo, "vocês podem sair da ilha, mas a ilha não sai de vocês".
E o que era a ilha, afinal?
Não tenho a intenção de tecer maiores teses filosóficas em cima disso. O que ficou explícito é que se tratava de lugar que existe desde remotas civilizações (vide estátua de Taweret, deusa egípcia da fertilidade, o que a relaciona com a questão das grávidas na ilha).
Também tinha propriedades científicas relacionadas a eletromagnetismo, acelera metabolismos de cura (o que "explicou" o motivo das mulheres rejeitarem corpos estranhos - fetos - e não concluírem gravidez concebida na ilha).
Espiritualmente e mais importante, era um local onde pessoas que erraram muito, por motivos desconhecidos, tinham a oportunidade de uma 2ª chance, confrontando-se com suas falhas pretéritas, podendo vencê-las neste novo embate.
Acredito que este componente etéreo é que foi o x da questão.
Na verdade, vi o clímax de Lost como uma grande parábola sobre como às vezes acreditamos que certas coisas foram ruins na nossa vida e que só depois, com distanciamento, percebemos que foi o melhor para nós.
Durante todo o tempo, todos eles sempre quiseram sair da ilha.
Um trauma tão absurdo que depois de mortos, eles bloquearam essas memórias.
Por isso, criaram uma realidade pós-morte que espelharia o que tivesse acontecido se a queda do Oceanic 815 não tivesse acontecido.
E só no redentor final, puderam perceber o quanto aquela experiência na ilha tinha sido inprescindível para o seu engrandecimento pessoal. Aí, sim, eles poderiam "seguir em frente".
Então, algumas questões que foram atiradas aos espectadores (os números, as habilidades do Walt, a tal "caixa" que trouxe o pai do Locke para a ilha, etc, etc³) e que ficaram sem resposta "oficial", talvez não fossem tão relevantes diante de todo o espectro traçado.
Desta forma, acredito que talvez, o que mais importe não é o que tenha sido a ilha e suas propriedades fantásticas, mas sim, o que os personagens fizeram lá, como eles agiram em situações de absurda exigência física, mental, emocional...
No fim, o que vai ficar para a história é que foi uma série sobre pessoas, personagens imperfeitos e de alta complexidade que inúmeras ocasiões nos lembraram de nós mesmos e nos fizeram questionar: o que eu faria no lugar dele?.
Grande trabalho da TV americana e que vai deixar uma lacuna de difícil preenchimento.
Quero agradecer aos meus amigos por terem me convencido a assistir a esta história fantástica que terminou há dois dias atrás.
Espero que não achem meu texto uma resenhazinha de neófito deslumbrado, pois a culpa é de vocês por eu estar escrevendo-a neste momento!
E claro, pra finalizar, não vejo a hora de ver os astros de Lost, (especialmente Evangeline Lilly...), detonando no cinema em filmes de verdade, não de ultracoadjuvantes em xaropices como Guerra ao Terror...
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