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Inter 1 x 2 Pelotas

André Ávila / Agencia RBSEm primeiro lugar, um resultado justo, pois não houve erro de arbitragem. Em segundo, por jogos como este que o futebol é o esporte mais imprevisível do mundo.

O Pelotas teve, a rigor, três chances de marcar: um chute de fora da área que passou perto e duas bolas alçadas à área onde a defesa do Inter falhou em ambas e levou o gol. O Lomba praticamente não tocou na bola durante o jogo. 

O Inter, colocou duas bolas na trave, o Nico perdeu um gol só ele e o goleiro na pequena área, o zagueiro tirou uma bola em cima da linha, etc, etc.

Resumindo: o Inter errou pontualmente na defesa (a falta que o Moledo faz que origina o segundo gol foi infantil, o jogador ia sair com bola e tudo pela linha de fundo) e errou largamente no quesito conclusão - o próprio gol foi uma ótima jogada do Pottker, mas que resultou em chute na trave, não direto nas redes.

O que se retira disso: que, sendo recém o primeiro jogo do time titular, ainda há muito a melhorar  coletiva e individualmente, atrás e na frente. Feitas estas ressalvas primordiais, é claro que tudo que foi dito acima não impede de analisar outras situações que ocorreram. 

O time voltou a mostrar o mesmo defeito que tirou pontos imprescindíveis no fim do Brasileirão passado e que custaram a luta pelo título: saiu ganhando e depois ficou só tocando a bola e tomou uma virada. 

Sim, os jogadores estão ainda travados na parte física e, talvez o principal, com medo de se machucar nesses primeiros jogos de Gauchão e perder o ritmo para a Libertadores. Por isso, depois de abrir o placar, tentaram se poupar e ficar especulando um contra-ataque para o segundo gol. 

Não existe sistema tático perfeito. O que o Odair prefere, é o 4-1-4-1 de marcação mais baixa e controle do jogo pela posse de bola com posicionamentos ofensivos mais estáticos. Isto faz com que a defesa esteja sempre muito protegida com jogadores nos lugares pré-estabelecidos tanto quando atacado, quanto contra-atacado. Assim, o time raramente ganha ou perde de goleada, o Inter é uma equipe bem equilibrada.

Ele parte desse modelo, para se houver uma necessidade, abrir o time, como foi no segundo tempo de ontem, em que ele tira um volante e um lateral e termina o jogo com D'Alessandro, Neílton, Sóbis, Nico e Paredes amassando o adversário. 

É uma premissa boa, mas talvez quando o time estiver com mais fôlego, se possa tentar uma marcação mais adiantada, forçando o erro do adversário e proporcionando mais chances de gol, para não precisar tanto jogar no limite de ganhar de pouco sempre. O time todo é rápido (exceção ao Dale, claro), inclusive os zagueiros no mano a mano, dá pra adotar essa postura mais agressiva.

Na parte individual, algumas observações:

- Patrick voltou como terminou o ano. Mal. Acho um baita jogador, mas agora com o Neílton bafejando no cangote, ele vai ter que mostrar muito mais para se manter titular. Tipo da briga sadia e que eleva o nível da equipe.

- Pottker continua jogando fora de posição. Ele não é centroavante agora, como não era atacante de lado no ano passado. Ele é goleador, atacante de 4-4-2, que precisa de outro cara do lado, espetado com ele, para fazer trocas de posições e não precisar jogar de costas (ou longe do gol como em 2018) o tempo todo. Eu usaria o Sóbis do lado dele e, com todo o respeito, colocaria o Dale no banco, pois ele embora seja o mais técnico, joga numa área muito restrita do campo, quase não entra na área adversária. Claro que ele seria sempre a primeira opção tanto para mudar partidas com seu passe qualificado e bola parada, como para segurar jogos encardidos, mas para titular, hoje não seria a minha opção (entre ele e o Nico, o uruguaio leva a melhor para ficar no time atualmente).

- Eu também optaria pelo 4-4-2 porque temos muitos atacantes à disposição. Daí começa a tirá-los de posição (ontem Sóbis jogou de meio-campista, coisa que nunca foi o forte dele) e o rendimento cai. Se deve armar um time de acordo com o que tem à disposição e não com o que se prefere. Pelo que tem em mãos, me parece que o sistema semelhante ao que o Uruguai utiliza, aproveitando em pleno o poder ofensivo do Suarez e o Cavani, seria o mais adequado para aproveitar as potencialidades do elenco atual. Sóbis, Pottker, Trellez, Parede, Pedro Lucas e logo ali, Guerrero... Como jogar só com um atacante? Os grandes times do mundo jogam com dois ou três e não deixam de ser bons defensivamente. Gostaria de ver isso aplicado, mas não acho que acontecerá.

- Bruno, enquanto teve pernas, mostrou qualidade. Vai ser briga boa com o Zeca.

Tropeço no início serve para abrir os olhos aos erros mais cedo. Que façam do limão, um limonada e desde já arrumem a casa para os novos e muitos obstáculos que virão em 2019.

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