
Três jogos sem vitória no Gauchão, sob qualquer perspectiva, mostram que há várias coisas que estão desencaixadas. Sem passionalidade, tentarei elencá-las aqui.
O melhor momento do Inter ano passado foi jogando num 4-1-4-1, sem armador clássico, depois da lesão do D'Alessandro. Do meio pra frente com o Dourado à frente da zaga e uma linha de quatro com Pottker aberto pela direita, Edenílson e Patrick no meio, Nico na esquerda e Damião na frente. Havia algumas variações, com Nico flutuando pelo meio ou direita mudando com o Pottker ou o Patrick caindo mais aberto pela esquerda.
Esse sistema funcionou extremamente bem por alguns fatores: a defesa estava excelente, todo mundo marcava muito, estava sempre nos lugares combinados e havia acerto nas bolas paradas defensivas. Assim, chegou a ficar sete jogos sem tomar gols. E ofensivamente o Patrick lembrava o Tinga - era o maior ladrão de bolas do campeonato, ia para cima dos adversários a dribles, fazia gols. Edenílson também estava muito bem, então o Inter tinha esses dois box-to-box para sustentar o modelo.
Não havia grandes movimentações ofensivas, mas o toque de bola começou a ser valorizado e a defesa estava sempre bem postada. Assim o Inter não goleava, mas venceu muitos jogos, inclusive nos momentos finais.
Esse ano não há o Damião, que ajudava muito na marcação, segurava zagueiros e ainda fazia seus golzinhos. Patrick está em má fase técnica. Edenílson ainda não está com o mesmo fôlego para fazer transições como no ano passado. Pottker é um guerreiro, corre bastante, ontem perdeu um gol inacreditável. Só o Nico mantém o mesmo nível.
Então, tem que mudar. Isso é normal, não se pode ficar agarrado a um sistema. Renato faz isso muito bem no Grêmio. Em 2016 tinha Walace, Maicon e Douglas no meio, Pedro Rocha e Luan de falso 9 e ganhou a Copa do Brasil. Em 2017 ganhou a Libertadores com o Luan mais recuado, junto com Arthur, Fernandinho, e um centroavante, o Barrios.
Tem que ser maleável. Estilo Bruce Lee, "como água". Pelo que vem jogando hoje, do meio eu iniciaria os jogos frente com Dourado, Edenílson, Neílton (ainda está jogando muito preso à esquerda, gostaria de vê-lo mais solto, surpreendendo o adversário), Nico, Pottker e Sóbis dando liberdade para os quatro da frente trocarem de posição o tempo todo. São jovens (Sóbis um pouco menos) e conseguiriam manter esse ritmo.
Logo ali tem o Guerrero que vai entrar no time, na do Pottker ou Sóbis. Dois dois, o que estiver melhor, fica.
Isso e treinar mais os ajustes defensivos nos triângulos entre os zagueiros, laterais e volantes. Ali o ano começou muito mal, vazando toda hora, especialmente no lado do Iago. Mas me parece que é só isso mesmo: falta de ajuste físico e técnico, visto que a base é a mesma que funcionou muito bem em 2018.
Odair vem fazendo um trabalho excelente, mas isso não quer dizer que não se pode contestar certas decisões dele. Também tem chamado a atenção a demora em fazer substituições. Não pode colocar o Sarrafiore pra jogar só aos 41' do segundo tempo - ainda assim, o guri sofreu um pênalti (zagueiro claramente se desloca ao encontro do ponto em que ele se projetava depois da caneta) onde o Daronco erradamente viu simulação.
É evidente que não se pode admitir um empate com o Veranópolis jogando com um a menos. Especialmente vindo de duas derrotas. Mas um pouco de calma e lucidez para acertar o alvo certo são as medidas que poderão produzir uma virada nesse panorama ruim.
Acredito que com algumas mudanças de nomes e um pouco mais de tempo de treino para ajustes defensivos, logo o time retoma o rumo que o levou a ser terceiro no Brasileirão passado.
E o D'Alessandro? O jogador mais dotado tecnicamente é banco? Assunto do próximo post.
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