O ÚLTIMO JOGO:
Longe, muito longe do jogo jogado que alguns cronistas previam.
Um Chivas encardido, totalmente diferente do de Guadalajara, fez um primeiro tempo truncado e até, um pouco violento, o que travou o Inter, que pareceu um pouco nervoso e surpreso com a postura mexicana.
Nisso, nenhuma das equipes se sobressaía. Para o Inter, o resultado era perigoso, mas servia e dava o título. Até não servir mais.
Numa jogada despretensiosa, Bolívar – coisa raríssima nos últimos tempos – falhou e perdeu de cabeça para o baixinho Bravo e o Chivas aproveitou e fez o gol que assustou a torcida colorada.
Não chegou a ser injusto como o 1º gol deles no México, mas também não refletia a igualdade da partida.
Tudo o que eu pensava era “Puxa, se o Inter não virar esse jogo, eu vou tomar a maior flauta do mundo pro resto da minha vida”.
Mas o Celso mandou bem no vestiário e fez a mexida que vem fazendo sempre no início das segundas etapas, trocando o Taison e o D’Ale de lado, para confundir a defesa adversária.
Deu muito certo. O Taison, que embora tenha muitas dificuldades de passe e conclusão, com dribles e movimentação veloz, confundia a zaga mexicana e abria preciosos espaços.
O Inter começou a crescer no jogo e logo veio o gol do Iluminado.
Rafael Sóbis é ídolo. Muito ídolo. E esse tipo de jogador pode jogar uns 10 jogos ruins que nunca vai levar vaia. Porque a torcida sabe que a qualquer momento ele pode fazer o que ele fez.
Não estava jogando nada, totalmente fora de ritmo, mas quem tem estrela, não dá pra deixar de fora.
Seu gol desafogador, tirou o Chivas da sua zona de conforto, enlouqueceu a torcida e desestabilizou a partida ao nosso favor. Só esse lance, já pagou com sobras o €1 milhão que o Inter pagou pelo empréstimo dele.
O resto foi consequência. Damião, em um gol de Nilmar, aproveitou uma bobeada da defesa deles e mostrou uma qualidade que há muito tempo digo que ele tem, que é subestimada - a velocidade.
Não se espera que um cara tão grande seja tão veloz e ele tem essa qualidade.
O Sobrenatural de Almeida esteve a favor do Colorado. O titular Alecsandro, lesionado, nem fardou. E a característica de arranque, ele nunca teve.
Logo, esse segundo gol só existiu porque ele se lesionou (aliás, por essa lógica, o próprio Sóbis só saiu jogando porque o irmão do Ricky estava impossibilitado).
Coisas do futebol. Sorte de campeão – que parecia já ter sido esgotada com o caminhão de bobagens do antigo escalador.
Pra fechar, Giuliano mais uma vez, marcou sua presença.
Difícil não colocá-lo no time titular logo mais. Amo o Tinga, mas o Giuliano, quando conseguir sair jogando e fazer as coisas da mesma maneira que ele faz quando entra no 2º tempo, aí, não vai ter como ele ser banco. Nem do Tinga.
Festa maravilhosa, inesquecível e que desde já, coloca o Inter em um patamar superior à maioria dos times nacionais.
Só São Paulo e Santos ainda tem conquistas superiores. Mas pelo andar da carruagem, isso é questão de tempo.
Fernando Carvalho forever!!!!!
AS CURIOSIDADES:
- Não há palavras para descrever o tamanho da grosseria desferida pelo infeliz Bautista, quando do seu ridículo protesto em função do hino mexicano ter sido tocado apenas a introdução.
Os brasileiros cometeram uma gafe, sem dúvida. Todavia, Bautista revidou de uma maneira estupidamente desproporcional e desrespeitosa.
Por incitação do Pedro Ernesto Denardin, foi apupado em um uníssono “Maricón”. Gritei com muita vontade nesta hora... - Reynoso: outro mau-caráter. Pra quem não se lembra, ele é o cara que ano passado espirrou no rosto de um adversário, em outro protesto absurdo, sobre a incidência da gripe A no México.
O que ele fez com o Sóbis, aplicando 3 socos nos rins é coisa de a Conmebol meter uma pena exemplar nesse bobalhão. - Inter foi 100% em casa. Embora tenha perdido 3 jogos fora contra 1 da campanha de 2006 (na altitude contra meia seleção equatoriana), nesse aspecto, o atual foi superior ao primeiro time campeão da América. Façanha.
- Tinha uma câmera aérea que funcionava como esses helicópteros de brinquedo (aeroplano é de avião, helicóptero eu não sei o nome...). Ia na cara da galera e depois voltava. Balaca total.
- A mãe do Tinga estava nos camarotes e foi saudada fervorosamente pela torcida aos gritos de “Dona Tinga! Dona Tinga!”. Muito massa.
- Frases engraçadas que pude presenciar:
“Em Abu, Dá Bi!” – Marketing do Inter logo após a conquista.
“Os gremistas estão agora no cinema vendo Crepúsculo – lá tem imortal de araque também!” Torcedor anônimo. - Rafinha Bastos estava fazendo reportagem pro CQC, mas como bom colorado que é, não conseguiu se conter e foi pra galera, se atirou na bandeira e meteu mais fogo na torcida. Mandou muito bem.
- D’Alessandro é um baita marqueteiro. O que ele joga pra torcida é uma enormidade. Mas admito, ele jogou bem consecutivamente os 4 jogos finais – algo que desde a Sul-Americana de 2008 ele não conseguia.
Não chegou a desequilibrar, mas em comparação com o que vinha jogando com o treinador castelhano, um abismo a favor. - Pelé de terno vermelho foi um luxo com o qual todo colorado deveria ficar orgulhoso. Mas brasileiro é bicho triste. Tinha uma galera xingando o Rei. E eu me pergunto: por quê?
É a cultura do nosso povo de não valorizar o que temos de melhor, de querer detonar celebridades, um prazer mórbido de tentar baixar do pedestal aqueles que estão em posição diferente da nossa.
Em outras palavras: recalque e inveja. Coisa feia. - Eu gritando “Fica Roth!” (de verdade!) foi algo que nunca imaginei que iria acontecer...
A CAMPANHA:
Embora tenha chegado à semifinal, o que sob qualquer aspecto é algo meritório, o trabalho do antigo escalador nunca passou confiança para ninguém.Era apenas questão de tempo para dar errado. O mestre Fernando Carvalho não deu sopa pro azar e fez uma escolha absolutamente insólita, tanto quanto acertada para o momento, quando contratou o contestado Celso Roth.
Uma cartada que só o melhor dirigente do Brasil poderia dar.
Roth, o homem da arrancada furiosa chegou, juntou os pedaços, arrumou a casa e com um trabalho incansável recolocou a equipe de grande talento disperso, nos trilhos e teve uma participação decisiva nessa conquista.
Os reforços Renan, Tinga e Sóbis (que só puderam jogar por mais uma grande jogada de bastidores do FC) foram efetivos tanto no aspecto técnico, como no emocional da equipe.
Agregaram experiência, futebol e confiança a um time que precisava de tudo isso para ter o upgrade necessário para superar os obstáculos finais da Libertadores.
FUTURO PRÓXIMO:
Tem que segurar tantos jogadores quanto puder. Motivo: não dá mais pra contratar ninguém do exterior.Para se reforçar, só com gente de dentro do Brasil (e principalmente da série B, já que quem está na série A, já não estourou a cota de jogos e não pode mais jogar por outra equipe), o que, óbvio, em 99% dos casos, significa menos qualidade na oferta de pé-de-obra.
O Sandro já está de malas prontas e esse não tem jeito: é insubstituível no momento. Um jogador de Seleção como ele não se encontra em qualquer quitanda.
Com o Kléber, que não é certo que vá sair, é o mesmo caso. Não tem jogador para repor uma possível perda dele, sem queda de qualidade. Tomara que fique, pois está novamente jogando o fino da bola.
D’Ale e Taison não são minhas maiores paixões, mas gostaria que eles ficassem, pois o time está encaixado com eles e essa força coletiva será muito importante daqui pra frente em competições tão acirradas como o Brasileirão e o Mundial.
Acho que esses, mesmo que tenham ofertas boas, não serão liberados – diferente do Kléber, que é algo que independe da vontade do Inter, pois tem vínculo diferente.
Celso Roth, como fora Abel Braga em 2006, é campeão estreiante. Entretanto, o antigo treinador montou o time desde o início do ano e o Roth pegou o bonde andando.
A curto prazo, Roth confirmou mais uma vez que é excelente. Vamos ver se a médio prazo ele melhora, pois os demais objetivos só culminam daqui a 4 meses...
Agora é a hora da limpa...
Sorondo, Eller (que eu acho ótimo, mas agora já dá sinais inequívocos de decadência física), Edu, Éverton, Bruno Silva, Lauro, Ronaldo (zagueiro horroroso) poderiam dar outro rumo nas carreiras deles ao invés de apenas ficarem tirando dinheiro do Inter, sem dar um retorno compatível com a grandeza do clube.
...e de botar as promessas a jogar.
Com um time-base pronto e experiente é muito mais fácil de lançar atletas altamente promissores dos pontos de vista técnicos e financeiros.
Damião (que ontem recém fez sua primeira partida na Libertadores), Marquinhos, Oscar, Dalton, Ronaldo Conceição, Ytalo, entre outros, pertencem a essa categoria.
Chega de botar dinheiro e tempo fora com medalhões ou jogadores do interior que não tem mais, ou nunca tiveram bola para fardar o manto vermelho.
Bota a gurizada a jogar e paga pra ver. Esse é o momento. Sem pressão e com tempo hábil.
OS VIDEOS DA FINAL:
A galera minada momentos antes da partida:Emoção da torcida no momento da virada:
Minutos finais (incluindo os 2 gols no apagar das luzes):
Entrega do troféu e queima de fogos:
Comentários
Que coisa de louco, ainda não deu tempo de ver o teus vídeos, mas, em relação ao texto, aí vai o comentário, o primeiro tempo foi highlander, não acabava nunca, e quando acabou fomos apunhalados com um pequeno corte no pescoço, mas arrancar a cabeça de um Gigante MacLeod não é pra qualquer um.
Finalmente chega o segundo tempo, com os espaços que o inter tanto queria, daí foi sensacional. Com o gol do Guri de Erechim, a casa do Paulinho enlouqueceu, com o gol do Damião o olho começou a ficar vermelho, mas após os braços erguidos do Giuliano vieram as lágrimas.
Falaram até que teve um outro lance depois, mas eles já estavam com as cabeças decepadas pelos colorados do Clan Gigante MacLeod.
Só o esporte consegue transformar 90 minutos em 8 horas. Grande texto Barbosinha. Parabéns a nação colorada.
Abração Barbosinha.
Grande abraço.
HEHEHEHEHE Além da sorte de gravar o improvável gol no finalzinho da partida, gravaste de um ângulo oposto ao da TV!
Muito bom!
heaheahehahehaeha
A noite em Pelotas foi pequena depois da vitória, a unica coisa que foi grande foi a dor de cabeça!
Tudo pelo Inter