Com a paranóia crescente sobre a “profecia maia” e o final dos tempos em 2012, resolvi pesquisar sobre quando começaram as “profecias”. Mais de mil anos atrás o “fim do mundo” já era anunciado como “próximo”.
992 d.C.: Em 960, Bernard de Thurings anunciou, com alarme na Europa, que o mundo só tinha mais 32 anos de existência. Felizmente (para ele) morreu antes da data anunciada.
31/12/999: O mundo acabaria 1000 anos após o nascimento de Cristo. O Papa Silvestre II e o imperador Otão III terminaram suas disputas políticas.
31/12/1033: Afinal não se devia contar a partir do nascimento mas sim da morte de Cristo... Não aconteceu, novamente. Não era nem no milênio do nascimento nem da morte...
Setembro de 1186: O astrólogo João de Toledo, em 1179, anuncia o fim do mundo quando todos os planetas estiverem em conjunção em Libra. Se incluirmos o sol, isso aconteceu em 23 de setembro de 1186 às 16:15 TMG, ou a 3 de outubro do novo calendário. O arcebispo de Cantuária pediu um dia de oração, o alinhamento ocorreu, o “Fim do Mundo”... não.
1260: Joaquim de Fiore apontou para 1260. O ponteiro não estava bom.
01/02/1524: Uma das datas mais espetaculares. O fim seria pela água. Em junho de 1523 os astrólogos calcularam que o fim se iniciaria em Londres com um dilúvio. 20.000 pessoas abandonaram as suas casas.
O pároco de S. Bartolomeu construiu uma fortaleza com água e comida para dois meses de espera. Quando nada aconteceu, fizeram-se novos cálculos que apontaram para mais cem anos. Mas esse ano foi mesmo especial! Nicolaus Pere previu que a conjunção dos principais planetas em Peixes (um símbolo da água), o que reforçava a idéia do dilúvio.
Uma das vozes que se levantou contra foi George Tannstetter, astrólogo e matemático. No seu horóscopo previu que viveria para lá de 1524, o que o levou a negar os outros cálculos. Era um cético.
1499: Uma inundação gigante foi prevista para 20 de fevereiro (ou 2 de fevereiro) pelo astrólogo Johannes Stroeffler em 1499. A conjunção envolvia Mercurio, Venus, Marte, Jupiter e Saturno, mais o Sol, todos em Peixes. Mas foi em 23 e não em 20.
Em resposta a estas profecias, na Alemanha, as pessoas construiam barcos, e um Conde Von Iggleheim construiu uma arca com 3 andares. O mesmo se passava em Toulouse. Quando choveu ligeiramente na data prevista as pessoas atacaram a arca do conde.
Pessoas morreram. Mas não pelo suposto “dilúvio do Fim do Mundo”.
1532: Frederick Nansea, bispo de Viena, achou que um grande desastre estava próximo. Acreditou nas testemunhas que o informavam do que viam: cruzes sangrentas no céu, um cometa, três sóis, um castelo no céu.
13/10/1533: Michael Stifel (também conhecido por Stifelius) calcula a data e hora a partir do Livro das Revelações. Quando o mundo não se evaporou, perdeu as suas vestes eclesiásticas.
1537: Uma lista de profecias surge em Dijon, França, atribuídas ao astrólogo Pierre Turrel, a titulo póstumo. Ele usou 4 métodos diferentes de cálculo, chegando a 4 datas diferentes espalhadas por 277 anos. Nenhuma se confirmou.
1572: Eclipse solar em Londres e espetaculares novas no céu. Pânico geral, mas... não foi o “Fim do Mundo”.
1584: O astrólogo Ciprian Leowitz, incluido em 1559 no index de autores proibidos por Paulo IV, prediz o fim para 1584. Pelo sim, pelo não, calcula cartas astrológicas até 1614. Fez bem, pois não terminou nem em 1584 nem em 1614.
1648: O rabi Sabbati Zevi, de Smyrna, interpreta a Cabalah mostrando que o Messias e o seu advento chegariam em 1648. É... ele errou.
1666: Em 1665, apesar de nada ter acontecido, os seguidores de Zevi tinham aumentado, e a nova data é marcada para 1666. Cidadãos de Smyrna abandonam o trabalho e preparam-se para o regresso a Jerusalém.
Os problemas aumentam quando Zevi é preso pelo sultão de Constantinopla. Este converteu Zevi ao Islamismo e o movimento acabou. Sem que acontecesse o “Fim do mundo, é óbvio.
1704: O Cardeal Nicholas de Cusa, sem autorização do Vaticano, declara o “Fim” para 1704. Errou, é claro.
13/10/1736: Novo fim do mundo a começar em Londres. Desta vez previsto por William Whiston. Nem sequer choveu, dessa vez.
1757: Emanuel Swedenberg anuncia o fim do mundo, informado por um anjo, segundo ele. Ninguém ligou, nem os anjos, pois não foi o fim.
1801: Uma das datas (foram 4) previstas pelo astrólogo Pierre Turrel. Nada... como nas outras 3...
1814: Mais uma data de Pierre Turdel. Charles Mackay escreveu que "o mundo acenou tão contente como antes".
1874: Data calculada por Charles Taze Russel (inventor das Testemunhas de Jeová) para o “Fim”. Jeová não testemunhou Charles Taze Russell, pelo visto...
1881: Data obtida através de medições na Grande Pirâmide de Gizé, no túmulo de Cheops. Novos cálculos, mais "precisos" alteram a data para 1936. Melhorando-se ainda a medição e os cálculos, obteve-se 1953. Continuam a ser feitas medições.
Se não me engano a medição mais recente aponta para 09/09/2009. Como já passou, estamos livres.
1914: A segunda das datas das Testemunhas de Jeová. Errada novamente, é óbvio.
1936: Novas medições na Grande Pirâmide.
1953: Novas medições na Grande Pirâmide.
1975: A terceira data das Testemunhas de Jeová. Errada como as outras. Ô gente para errar e continuar tentando acabar com o planeta...
1999: Jeane Dixon (1918-1997): "Em 1999, os E.U.A. e os seus aliados estarão em guerra como a Russia e os seus satélites. Mísseis russos provocarão um holocausto nuclear nas cidades
Julho de 1999: Nostradamus, em X-72 afirma:
L'an mil neuf cens nonante neuf sept mois
Du ciel viendra grand Roy deffaieur
Ressusciter le grand Roy d'Angolmois
Avant aprés Mars regner par bon heur
O ano mil novecentos noventa nove, mês sete
Do céu virá grande Rei assustador
Ressuscitar o grande Rei dos Mongóis
Antes e depois de Marte reinar por boa hora
18 de Agosto de 1999: Criswell (1907-1982): Um Arco Iris Negro (uma perturbação magnética na atmosfera causada por atrações gravitacionais no universo) retirará oxigênio da Terra. Esta deixará a sua órbita e encaminhar-se-á para o Sol.
Passou 1999, entramos no século XXI. Já passamos pela primeira previsão (09/09/09). Certamente haverá previsões para 10/10/10, para 11/11/11, para 12/12/12, etc, etc, etc (ad nauseam).
E continuaremos por aqui, com alguns aguardando o “Fim do Mundo”, com a volta do judeu loiro de olhos azuis, abrindo as nuvens com um lindo cavalo branco voador, seguido de anjos igualmente loiros, de olhos azuis.
Volta, aliás, prometida no século I para “em breve”, “antes que morram os que aqui estão”, “a ser vista por Caifás”, “antes que os apóstolos percorram todas as cidades de Israel”.
Basta conferir a Bíblia.
992 d.C.: Em 960, Bernard de Thurings anunciou, com alarme na Europa, que o mundo só tinha mais 32 anos de existência. Felizmente (para ele) morreu antes da data anunciada.
31/12/999: O mundo acabaria 1000 anos após o nascimento de Cristo. O Papa Silvestre II e o imperador Otão III terminaram suas disputas políticas.
31/12/1033: Afinal não se devia contar a partir do nascimento mas sim da morte de Cristo... Não aconteceu, novamente. Não era nem no milênio do nascimento nem da morte...
Setembro de 1186: O astrólogo João de Toledo, em 1179, anuncia o fim do mundo quando todos os planetas estiverem em conjunção em Libra. Se incluirmos o sol, isso aconteceu em 23 de setembro de 1186 às 16:15 TMG, ou a 3 de outubro do novo calendário. O arcebispo de Cantuária pediu um dia de oração, o alinhamento ocorreu, o “Fim do Mundo”... não.
1260: Joaquim de Fiore apontou para 1260. O ponteiro não estava bom.
01/02/1524: Uma das datas mais espetaculares. O fim seria pela água. Em junho de 1523 os astrólogos calcularam que o fim se iniciaria em Londres com um dilúvio. 20.000 pessoas abandonaram as suas casas.
O pároco de S. Bartolomeu construiu uma fortaleza com água e comida para dois meses de espera. Quando nada aconteceu, fizeram-se novos cálculos que apontaram para mais cem anos. Mas esse ano foi mesmo especial! Nicolaus Pere previu que a conjunção dos principais planetas em Peixes (um símbolo da água), o que reforçava a idéia do dilúvio.
Uma das vozes que se levantou contra foi George Tannstetter, astrólogo e matemático. No seu horóscopo previu que viveria para lá de 1524, o que o levou a negar os outros cálculos. Era um cético.
1499: Uma inundação gigante foi prevista para 20 de fevereiro (ou 2 de fevereiro) pelo astrólogo Johannes Stroeffler em 1499. A conjunção envolvia Mercurio, Venus, Marte, Jupiter e Saturno, mais o Sol, todos em Peixes. Mas foi em 23 e não em 20.
Em resposta a estas profecias, na Alemanha, as pessoas construiam barcos, e um Conde Von Iggleheim construiu uma arca com 3 andares. O mesmo se passava em Toulouse. Quando choveu ligeiramente na data prevista as pessoas atacaram a arca do conde.
Pessoas morreram. Mas não pelo suposto “dilúvio do Fim do Mundo”.
1532: Frederick Nansea, bispo de Viena, achou que um grande desastre estava próximo. Acreditou nas testemunhas que o informavam do que viam: cruzes sangrentas no céu, um cometa, três sóis, um castelo no céu.
13/10/1533: Michael Stifel (também conhecido por Stifelius) calcula a data e hora a partir do Livro das Revelações. Quando o mundo não se evaporou, perdeu as suas vestes eclesiásticas.
1537: Uma lista de profecias surge em Dijon, França, atribuídas ao astrólogo Pierre Turrel, a titulo póstumo. Ele usou 4 métodos diferentes de cálculo, chegando a 4 datas diferentes espalhadas por 277 anos. Nenhuma se confirmou.
1572: Eclipse solar em Londres e espetaculares novas no céu. Pânico geral, mas... não foi o “Fim do Mundo”.
1584: O astrólogo Ciprian Leowitz, incluido em 1559 no index de autores proibidos por Paulo IV, prediz o fim para 1584. Pelo sim, pelo não, calcula cartas astrológicas até 1614. Fez bem, pois não terminou nem em 1584 nem em 1614.
1648: O rabi Sabbati Zevi, de Smyrna, interpreta a Cabalah mostrando que o Messias e o seu advento chegariam em 1648. É... ele errou.
1666: Em 1665, apesar de nada ter acontecido, os seguidores de Zevi tinham aumentado, e a nova data é marcada para 1666. Cidadãos de Smyrna abandonam o trabalho e preparam-se para o regresso a Jerusalém.
Os problemas aumentam quando Zevi é preso pelo sultão de Constantinopla. Este converteu Zevi ao Islamismo e o movimento acabou. Sem que acontecesse o “Fim do mundo, é óbvio.
1704: O Cardeal Nicholas de Cusa, sem autorização do Vaticano, declara o “Fim” para 1704. Errou, é claro.
13/10/1736: Novo fim do mundo a começar em Londres. Desta vez previsto por William Whiston. Nem sequer choveu, dessa vez.
1757: Emanuel Swedenberg anuncia o fim do mundo, informado por um anjo, segundo ele. Ninguém ligou, nem os anjos, pois não foi o fim.
1801: Uma das datas (foram 4) previstas pelo astrólogo Pierre Turrel. Nada... como nas outras 3...
1814: Mais uma data de Pierre Turdel. Charles Mackay escreveu que "o mundo acenou tão contente como antes".
1874: Data calculada por Charles Taze Russel (inventor das Testemunhas de Jeová) para o “Fim”. Jeová não testemunhou Charles Taze Russell, pelo visto...
1881: Data obtida através de medições na Grande Pirâmide de Gizé, no túmulo de Cheops. Novos cálculos, mais "precisos" alteram a data para 1936. Melhorando-se ainda a medição e os cálculos, obteve-se 1953. Continuam a ser feitas medições.
Se não me engano a medição mais recente aponta para 09/09/2009. Como já passou, estamos livres.
1914: A segunda das datas das Testemunhas de Jeová. Errada novamente, é óbvio.
1936: Novas medições na Grande Pirâmide.
1953: Novas medições na Grande Pirâmide.
1975: A terceira data das Testemunhas de Jeová. Errada como as outras. Ô gente para errar e continuar tentando acabar com o planeta...
1999: Jeane Dixon (1918-1997): "Em 1999, os E.U.A. e os seus aliados estarão em guerra como a Russia e os seus satélites. Mísseis russos provocarão um holocausto nuclear nas cidades
Julho de 1999: Nostradamus, em X-72 afirma:
L'an mil neuf cens nonante neuf sept mois
Du ciel viendra grand Roy deffaieur
Ressusciter le grand Roy d'Angolmois
Avant aprés Mars regner par bon heur
O ano mil novecentos noventa nove, mês sete
Do céu virá grande Rei assustador
Ressuscitar o grande Rei dos Mongóis
Antes e depois de Marte reinar por boa hora
18 de Agosto de 1999: Criswell (1907-1982): Um Arco Iris Negro (uma perturbação magnética na atmosfera causada por atrações gravitacionais no universo) retirará oxigênio da Terra. Esta deixará a sua órbita e encaminhar-se-á para o Sol.
Passou 1999, entramos no século XXI. Já passamos pela primeira previsão (09/09/09). Certamente haverá previsões para 10/10/10, para 11/11/11, para 12/12/12, etc, etc, etc (ad nauseam).
E continuaremos por aqui, com alguns aguardando o “Fim do Mundo”, com a volta do judeu loiro de olhos azuis, abrindo as nuvens com um lindo cavalo branco voador, seguido de anjos igualmente loiros, de olhos azuis.
Volta, aliás, prometida no século I para “em breve”, “antes que morram os que aqui estão”, “a ser vista por Caifás”, “antes que os apóstolos percorram todas as cidades de Israel”.
Basta conferir a Bíblia.
Comentários
Parabéns pelo post. Gostei muito. Beijos
Maria
amei o texto!!!
10 sempre!!!
Abçoss