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Mete o Rock - 12/11/10

Por Rafael Barbosa

Demorou um pouco (mal eu, Paulinho!), mas tá aí: comentário completo sobre O Maior Show da História do RS.

Esses artigos vão virar quadro aqui em casa

Um show do Paul no RS é mais do que qualquer fã gaúcho dos Beatles poderia sonhar e se fosse colorado como eu, então, nem tem como descrever.

Como eu já disse em alguns posts anteriores, os Beatles criaram músicas que para mim, é como se abrissem uma janela na minha alma. É ligação direta com a minha emoção.

Pode parecer exagero de fã, mas é como melhor eu posso descrever o que é escutar o som desses caras que já fazem 40 anos que se separaram, mas que até hoje são objeto de culto e estudo.

Eu e meu pai (a quem eu devo agradecer eternamente por ter me apresentado aos Beatles) nos preparamos há muito para esse show. Eu escuto há mais de um ano o CD/DVD de Good Evening New York City.

No dia do show, chegamos cedo na fila, às 14:30. Três horas depois, abertura dos portões e correria total para pegar os melhores lugares.

Esse foi o rico lugarzinho que descolamos para ver o homem.



E aqui, a correria do pessoal que pagou R$ 520,00 para ficar o mais perto o possível do Cara

Mais três horas e meia depois (duas delas debaixo de escaldantes 36°...), com pontualidade britânica, Sir Paul começou a festa.

E mesmo com todo este preparo, já sabendo o que me esperaria, quando tocam os primeiros acordes de Venus and Mars/Rock Show, emendando em Jet, aí não teve jeito. Um sonho de tantos anos, finalmente materializado ali na nossa frente, foi mais do que eu poderia estar preparado e sim, lágrimas de uma alegria indizível, correram no meu rosto.

Mas depois essa emoção inicial, foi que começou o verdadeiro espetáculo. Simplesmente emendando uma música na outra, o idoso (ele não pagaria passagem em ônibus e entraria nas filas preferenciais...) de 68 anos, tocou, sem sequer botar uma gota d'água na boca ou esboçar qualquer sinal de cansaço, o número absurdo de 30 canções na sequência!

Os pequenos intervalos que ele fez entre essas canções foi para interagir mais (parecia impossível, mas ele conseguiu) com a extasiada plateia. Arranhando um português, que ele não tinha necessidade nenhuma de arriscar, mostrou uma humildade que só os grandes gênios podem ter.

Paul levou a galera ao delírio com frases como Mas bah, tchê!, Trilegal, ou ainda quando fez homenagens à sua gatinha, Linda e aos amigos John (com a bela Here Today) e George (em uma versão especial de Something).


Something

Depois da apoteose ao piano, com Let it Be, Live and Let Die e Hey Jude, ele fez a 1ª e rápida parada, já depois de 2 hs de show.

Mais 3 hits dos Beatles, o riff famoso de Day Tripper, Lady Madonna (que confesso, não é das minhas prediletas) e Get Back (que matou a pau).


Get Back

Pequeno intervalo e volta para o 2º bis com a música mais regravada (segundo o Guiness, mais de 3000 versões mundo afora) de todos os tempos e que Paul compôs a partir de um sonho (que rico sonho, hein?!), Yesterday, seguida da psicodélica pancadona Helter Skelter e...

... aí veio o maior momento do show na minha opinião. As duas gurias mais sortudas do universo foram agraciadas com uma inusitada subida ao palco para ganhar autógrafos nos seus braços que depois virariam tatuagens.

Um privilégio que não sei se há mais alguém do mundo foi contemplado. Lamentável apenas, a vaia para a guria de Floripa. O próprio Paul teve que pedir pra galera pegar mais leve: "I'm from Liverpool, come on!"



Cara, que vergonha da nossa gauchada bairrista burra.

Após isto, que foi ao mesmo tempo, o melhor e o pior da noite, vem a apoteótico desfecho com Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band/The End.

Embora eu não tenha ficado surpreso com o tamanho do show, com a fantástica pirotecnia de Live and Let Die, ou com a quantidade de instrumentos diferentes (seis no total) os quais Paul toca e mostra total domínio, ainda assim, a emoção de ter estado ali, no Beira-Rio, conferindo o maior gênio vivo do pop, me arrebatou plenamente.

O Homem-Lá-De-Cima foi generoso com a humanidade tendo feito nascer na mesma cidade quatro talentos tão ímpares quanto os Fab Four, autores de tantas e mais tantas canções maravilhosas e que sempre falam de coisas simples, como o amor, amizade, saudade...

Beatles, assim como Pelé e alguns poucos outros, são fenômenos, forças da natureza que vêm uma vez só. Quem viu, viu. Quem não viu, que escute com atenção aos felizardos que tiveram a chance de vê-los ao vivo.

Como eu e o meu velho.

Valeu, Papai-do-Céu!!!!!!!

N.B.: Desculpem a qualidade sonora dos vídeos (fui até xingado no YouTube por causa disso!), mas o objetivo era mesmo mostrar a emoção do público enquanto acompanhávamos em uníssono as canções imortais de Paul e dos Beatles.

Comentários

Anônimo disse…
Aguardando o tão comentado possível retorno do Led Zeppelin para poder fazer comentário tão apaixonado quando eu for ao show deles. :D
Pablo
Rafael Barbosa disse…
Pelo Page, tudo ok, mas dizem que o Plant não quer isso nem que cubram ele todo de ouro...
Anônimo disse…
Na moral, o Page quase fica esmolando isso, o John Paul Jones já se posicionou muito favorável também, e o filho do John Bohan não tem nada melhor na vida para fazer do que isso, o problema é que o Robert teve uma carreira solo favorável e ele é todo místico e diz que tudo de ruin que aconteceu na vida dele foi pela energia negativa da banda e tal . . . coisa de viadaço. Mas os caras estão pecando na malandragem, quando chamaram o vocalista do Alter Bridge para ficar de vocal do Led o Robert não aguentou e foi cantar no seu lugar de direito. Ele diz que não quer voltar, mas também que não aguenta ver eles voltarem e não estar no meio. Em resumo, falta malandragem.
Rafael Barbosa disse…
Em miúdos: não f... e não sai da moita...
Esquece brow, não vai rolar mais um Led de fundamento, mesmo que os originais voltem...
Abçs!

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