Hoje a tarde, depois de dois longos meses de internação por diversas complicações de saúde, terminou o sofrimento do meu vôzão Osvaldo.
Antes de mais nada procurei não ficar triste, pois tenho absoluta certeza que agora ele está indo para um lugar melhor, onde ele estará sob os cuidados de amigos que o farão continuar sua caminhada com todo carinho que ele merece.
Entretanto, meu coração fica apertado, pois uma saudade imensa e instantânea toma conta de mim, por saber que ficarei por ora, sem poder gozar da companhia (mesmo que eventual, como era a nossa em cidades distantes) de alguém que me foi tão especial.
Afinal, meu vô foi o cara que me ensinou a jogar snooker lá na casa dele - onde para fazer churrasco e juntar a família não precisava de nenhuma data comemorativa, apenas o prazer de estar entre os seus.
Era ele que na sua chácara não me deixava andar a cavalo, pois tinha medo que eu, professor de Educação Física, que dependo do meu corpo para viver, me machucasse de alguma maneira - algo que ele jamais se perdoaria.
Foi quem me ensinou a dizer nome feio. E isso nunca foi motivo de qualquer um de nós, netos, perdermos o total respeito que tínhamos por ele.
Era ele que me ligava borracho e chorando de saudade, quando a nossa distância ficava insuportável para o coração de manteiga dele.
Era ele que metia a mão com toda e qualquer pessoa que desse atenção a ele. Grosso como dedo destroncado, mas com um coração que não cabia dentro daquele baita peito.
Era ele a única pessoa que podia chamar a minha mulher de gorda e ainda receber um sorrisão em troca.
O velho Osvaldo foi o cara que me ensinou metade dos trocadilhos infames que eu conheço - e que aplicarei e rirei deles o resto da minha vida.
Era ele que falava com aquele "erre" igual ao do Galvão Bueno e que nunca consegui imitar.
Foi com ele que aprendi que mesmo quando os velhos te mandam fazer alguma coisa que pode perfeitamente ser feita do jeito que nós queremos, ainda assim, o certo, é o que eles mandam.
Enfim, meu vô me representa tantas coisas e sempre coisas boas, que me faltam mais palavras para descrever o tamanho do vazio que ele deixara nesta nossa existência.
O fato de não termos o mesmo sangue, jamais significou nada para mim e o amor incondicional que ele sempre nos proporcionou, só me faz agradecer a Deus por ter colocado essa pessoa tão espetacular em nossas vidas.
Tchau, seu velho fresco! Tenho certeza que logo, logo tu já tá metendo a mão com o Homem aí de cima e fazendo bagunça com todo mundo que estiver à tua volta...
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