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Do Tempo do Epa - 09/03/2011

Vendo a apuração das notas do carnaval do Rio, comecei a recordar de antigos desfiles e de algumas coisas que não vemos mais hoje em dia.

Na verdade, até que o carnaval deste ano foi bem legal por conta da Tijuca com toda aquela doideira sobre filmes e a exaltação pública ao trabalho fantástico do carnavalesco Paulo Barros, o "novo Joaosinho Trinta".

Não vi a campeã Beija-Flor (que no meu tempo não ganhava nada, mas nesta última década andou se esbaldando em títulos - 6 com o de hoje), mas dizem que a homenagem ao rei Roberto Carlos estava muito linda, também.

Mas tirando essas honrosas exceções, os últimos carnavais estavam muito chatos e ninguém mais estava dando bola para eles.

Tanto é, que para ver se aumentava o interesse, se fez uma concessão, ao meu ver, absurda: as escolas desde uns 3 anos para cá, podem reeditar antigos sambas-enredo.

Maior atestado de incompetência, impossível.

Há um tempo atrás, a Globo passava durante pelo menos uns 3 meses as músicas (na íntegra) das escolas, o que facilitava bastante com que nós decorássemos os que fossem melhores. Vejo que atualmente, ninguém sabe cantar os sambas.

"Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós..."

"Hoje eu vou tomar um porre, não me socorre..."

"Atrás da Verde e Rosa, só não vai quem já morreu..."

"Vira-Virou, a Mocidade chegou..."

"Sonhar não custa nada e o meu sonho é tão real..."

"Explode coração, na maior felicidade..."

"É hoje o dia da alegria e a tristeza nem pode pensar em chegar..."

Todo mundo lembra desses sambas dos anos 80 e 90, tanto que são cantados até hoje pelas bandinhas de formaturas, casamentos, etc.

Alguém lembra de algum samba dos anos 2000 pra cá? Pois é.

Não sei se as pessoas não sabem mais as músicas por causa da óbvia diferença de qualidade, ou pela menor exposição dada a elas (ou ambas), mas que isso é uma coisa notória, não tenho dúvidas.

Além disso, há alguns anos atrás a gente não tinha tantas opções de entretenimento. Quase que só tinha o "12" para assistir (não sabe o que é isso? pergunta pra alguém mais velho também pelo "7", "10" e o "13", que ele vai te explicar direitinho).

O carnaval era de fato, um superacontecimento e a galera toda se envolvia muito mais.

Outra coisa que vejo atualmente, não que faça grande falta, mas que também é evidente, é o maior pudor das mulheres.

Peito de fora. Isso antes era corriqueiro; hoje, raridade. Pelo visto, essa chatésima onda do politicamente correto conseguiu chegar até no nosso carnaval.

Deve ser um dos sinais do apocalipse.

Bom, o que quero dizer é que as coisas hoje podem ter uma tecnologia maior, tanto para as escolas, como para a transmissão, podem haver um monte de facilidades que antes não havia no passado, mas aquele antigo espírito que permeava os desfiles da Sapucaí, esse não existe mais e não é de hoje.

E de qualquer maneira, pra mim, que sou Mangueira desde pequeno, só de não ter mais Mussum, Dona Zica e Jamelão, o carnaval perdeu metade da graça, há tempos...

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