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Festival Hitchcock - Fase Americana Inicial: "Rebecca - A Mulher Inesquecível"


Com o aval de David O. Selznick, que simplesmente tinha acabado de produzir ...E o Vento Levou, o filme mais visto de todos os tempos (naquele tempo não tinha, TV, DVD, etc, só se podia ver um filme no cinema e este clássico ficou mais de dois anos em cartaz!), Hitchcock desembarca no EUA - e sai de uma Inglaterra envolvida até o pescoço na 2ª Guerra, em 1940.

E sabe aquela estreia com o pé direito? Rebecca, seu primeiro filme em terras yankees, de cara já fatura o Oscar de Melhor Filme. Ainda com Selznick na retaguarda fez mais uns quantos bons suspenses e ganhou mais algumas indicações aos Oscar de Direção (3 nesse período).

Começa a trabalhar com alguns dos maiores astros de Hollywood como Cary Grant, Gregory Peck, Ingrid Bergmann, Laurence Oliver, dando um charme a mais para suas produções, algo que também seria uma das suas marcas registradas.

Era Hitchcock mostrando agora ao mundo, tudo aquilo que os ingleses já sabiam...

Rebecca - A Mulher Inesquecível

Rebecca
EUA, 1940 - 130 min
Romance, Suspense
Direção: Alfred Hitchcock
Elenco: Laurence Olivier, Joan Fontaine


Na minha modesta opinião, o primeiro grande filme do Mestre do Suspense.

Fora isso, o 4º filme de Hitchcock integrante do livro 1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer, possui várias particularidades:
  • Foi seu primeiro filme feito nos EUA, levado para lá pelo mítico produtor David O. Selznick de ...E O Vento Levou;

  • Foi seu único filme a ganhar Oscar de Melhor Filme - Hitch também foi indicado, mas o prêmio de direção foi para John Ford, por Vinhas da Ira. Rebecca ganhou o de Melhor Fotografia em P&B.

  • O livro em que o filme se baseia, Rebecca de Daphne du Maurier, de 1938, é acusado de ter roubado as ideias do livro A Sucessora da autora brasileira Carolina Nabuco, ela teria mandado uma cópia traduzida do seu livro para a editora inglesa e quatro anos depois, Maurier publicou Rebecca pela mesma editora...

    Mas ela não perdeu de todo. A Sucessora virou novela da Globo nos anos 70, com Susana Vieira e Rubens de Falco (aquele malvadão da Escrava Isaura) nos papeis que no filme de Hitch, couberam a Joan Fontaine e Laurence Olivier.
Aliás, Sir Olivier, passou longe de um lorde aqui. Ele, que queria que o papel ficasse com sua namorada, Vivien Leigh, tratava mal Joan Fontaine (no primeiro filme dela, coitada) durante todo o tempo das filmagens; Hitch achou ótimo, pois aumentava a sensação de inadequação dela, essencial para a composição da personagem. Era um malvado, esse Hitchcock.

Mas e o filme? A trama sobre uma garota simples que acaba casando com um viúvo magnata e se vê em maus lençois quando tem que administrar sua mansão e seus empregados, tendo que concorrer com o fantasma da antiga esposa, a perfeita Rebecca, não parece ter tanto a ver com a filmografia usual do Mestre do Suspense. Só parece.

Com reviravoltas, personagens misteriosos, relações secretas, Hitch que já era sucesso na Inglaterra, começa com o pé direito sua filmografia americana, dando seu cartão de visitas com a condução perfeita de uma história que possui elementos tão distintos, como romance e suspense.

O truque de a protagonista nunca ter seu nome explícito (no livro também é assim), é uma tirada genial. Desta forma, ele torna o nome Rebecca ainda maior e mais sufocante para a nova Ms. de Winter.

Outra: assim como vários filmes posteriores do Mestre, tem aquele final meio seco; ele contava a história principal e deixava as conjeturas posteriores à critério do espectador.

Não é sempre que eu gosto (prefiro como ele fez em Janela Indiscreta, que apenas com uma cena sem diálogos, só passeando com a câmera, temos total noção como tudo terminou), mas em Rebecca, não chega a ser um grande problema.

Filmão!

Ponta do Hitch: nível difícil. Ele surge numa cabine telefônica, quase no final do filme (uma raridade na sua biografia)

Nota: 8,0

Cotação no IMDb: 8.4 (37.727 votos)

Trailer sem legendas



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