O chacal
Quando se fala em José Sarney uma das expressões recorrentes é “raposa”.
Dizem que ele é uma “velha raposa do Congresso”, como forma de caracterizar uma sabedoria para a resolução de problemas e composições políticas.
Na minha opinião, o termo “chacal” ou “hiena” lhe é muito mais apropriado.
Pelo que consigo entender ele pouco está se importando com os problemas na nação ou do povo, senão com seus próprios problemas. E também não faz composições e sim, conchavos políticos.
As propostas bombásticas, de grande impacto midiático, que apresenta – geralmente como forma a abafar alguma nova acusação que lhe surge – são, ao que entendo, mera ação predatória dos resquícios de tragédias humanas de grande repercussão.
Como agora, que ele apresenta nova proposta de realização de mais um referendo sobre desarmamento.
Como o chacal ou hiena farejam a carniça, o velho e esperto José Ribamar, farejou uma oportunidade de voltar à mídia com uma demagógica proposta feita imediatamente ao sangue inocente derramado em Realengo.
Sentimentos exacerbados pela tragédia dirão que estou sendo injusto ao chamar de chacal ou de dizer que a proposta é demagógica, certamente.
Analisemos com mais profundidade, porém.
Já fizemos, há não muito tempo, semelhante referendo – diga-se de passagem, com altíssimo custo aos cofres públicos – e o resultado prático foi... nenhum.
Afora o referendo, o governo – com alto custo – fez grande campanha de desarmamento. Quais foram os resultados? Os cidadãos de bem ou legalizaram suas armas ou as entregaram para que fossem destruídas por máquinas e rolos compressores com grande espalhafato da mídia.
Os bandidos entregaram suas armas? Obviamente não.
Qual foi o resultado prático do referendo? Nenhum.
Qual foi o resultado prático da campanha de desarmamento? Deixar os bandidos ainda mais senhores da situação, reduzindo as possibilidades de que sejam confrontados.
Desta vez será diferente?
Por que seria?
Qual a nova situação que conduzirá a um desfecho diferenciado?
É apenas mais uma (de outras tantas)ocasiões em que Sarney posa de salvador, aproveitando os espólios de tragédias.
Os bandidos não usam armas registradas e sim contrabandeadas, com numeração raspada, de origem desonesta.
O único e exclusivo resultado de um novo referendo (afora o desperdício de dinheiro público) será manter José Ribamar nos holofotes da mídia por um bom tempo.
* Élbio Porcellis é professor aposentado e oficial da reserva do exército brasileiro.
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