
Lembro quando um apareceu um guri de 16 anos fazendo 5 gols em um jogo no Campeonato Brasileiro de 1993; garoto esse que diziam fazia mais de um gol por jogo no Cruzeiro.
Lembro como se fosse hoje, do último amistoso para a Copa de 94, contra a Islândia, onde ele na sua primeira convocação, já fez gol e de perna esquerda - o que depois aprenderíamos, era corriqueiro para aquele destro privilegiado.
Lembro do Parreira, malvado, que não o colocou um minuto sequer na Copa, quando até o Romário pedia para o menino ser escalado ao lado dele e do Bebeto.
Lembro de acordar domingo de manhã cedo para ver o campeonato holandês (!) na esperança de ver mais gols do menino-prodígio do PSV, que continuava fazendo mais de um gol por jogo.
Lembro da sua recepção em Barcelona, lançando a moda careca ao mundo todo e a inveja que, quem tinha uma camiseta 9 daquele time, dava nos outros.
Lembro de tantas coisas...
De ele ganhar duas vezes seguidas o prêmio de Melhor Jogador do Planeta com apenas 21 anos.
De seus problemas de crescimento maltrarem seus joelhos logo na sua primeira Copa como protagonista e da sua convulsão que matou o emocional dos companheiros na final contra a França.
Do sufoco que vivemos para nos classificarmos para a Copa seguinte, pois o Fenêmeno não estava lá para nos ajudar - as duas operações no joelho davam sua carreira por acabada com apenas 24 anos...
Lembro da confiança do Felipão nele e no Rivaldo, sendo premiado com 13 gols da dupla e com o pentacampeonato - com aquele olhar indescritível do Oliver Kahn para nossos craques; uma das maiores voltas por cima da história do esporte.
Lembro do Ronaldo e a Seleção parando uma guerra no Haiti - coisa que só tenho conhecimento de Pelé ter feito.
Lembro do "Gordito" sofrendo e convertendo três pênaltis nas Eliminatórias contra nossos maiores rivais, agora mais humilhados que nunca por fazer troça do gênio.
Lembro quando fez seu 15º gol em Copas contra Gana e cravou seu nome definitivamente na história do futebol.
Lembro que, mesmo já combalido pelas múltiplas lesões, ele foi sozinho o único jogador que ainda conseguiu alguma coisa contra a França em 2006 - Ronaldinho, Adriano e Kaká, muito mais novos, não fizeram metade do que ele fez.
Lembro de mais uma lesão onde disseram que seria o fim definitivo dele. E pela terceira vez, ele ressurgiu, já com corpo de ex-atleta e ainda assim, levando o Corinthians a dois títulos, Paulista e Copa do Brasil.
Lembro do embaixador da Unifef, lembro do homem que assume seus filhos perdidos, lembro de tanta coisa boa, que só posso agradecer de ser contemporâneo deste monstro sagrado, que só perdeu para o seu próprio corpo.
Valeu, Fenômeno. Se hoje foi tua primeira morte, aproveita que a tua segunda vida está só começando...
Comentários