
O Fenômeno
A entrevista de Ronaldo Nazário anunciando o final de sua carreira foi tocante, em todos os sentidos: pelo clima emocional, pela simplicidade do ser humano que ali se expôs, admitindo, inclusive, que levou os filhos para “imitar” o anúncio do centroavante Washington que levou os filhos, e ele, Ronaldo “achou bonito”; os agradecimentos e a explicação sobre a causa do excesso de peso.
Eu, que sofri do mesmo distúrbio (hipotireoidismo), cheguei a pesar oitenta e três quilos, que para a minha altura, era, proporcionalmente, mais ou menos o peso que o Ronaldo tem, atualmente.
Só retornei ao peso normal, após repor T4, e outras condições de saúde, coisa que ele não podia fazer, como explicou na entrevista.
Fiquei comovido ao vê-lo explicar que o corpo não correspondia mais ao que o seu cérebro imaginava, em termos de velocidade, arrancadas e força para executar os dribles e jogadas geniais que ele sempre fez com uma simplicidade que fazia parecer fácil.
Chamou-me a atenção, também, a entrevista de Carlos Alberto Parreira, que o colocou como um dos cinco maiores de todos os tempos.
Que exagero, pensei eu! Mas refletindo melhor, quem foi tantas vezes campeão como ele? Quantos foram por três vezes considerados “melhor do mundo”? Quem pode ser vislumbrado como capaz de alcançar a marca de gols que ele fez em Copas do Mundo?
Pensei, pensei... e, realmente, só vi, acima dele, Pelé, Garrincha e Maradona. E ao nível dele, Romário.
E se não tivesse contusões de tanta gravidade, seria ainda maior do que foi, como atleta. Mas talvez não fosse o ser humano da dimensão que ele tem, pois não teria tido o aprendizado da dor.
Adeus, Fenômeno. O futebol mundial fica mais pobre.
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