
Neste local, a música sempre fez parte da cultura do povo que lá vivia, porém, a forma que ele o consumia era extremamente primitiva.
Lá não havia internet, Napster, Emule, torrents, downloads pagos, rádio online e afins. Também não havia ferramenta para acesso de vídeos como o YouTube.
Entretanto, os silvícolas eram criativos e principalmente, pacientes.
Alguns deles, ficavam aguardando na frente do rádio (sem ter ideia precisa de quando iriam conseguir) para gravar as músicas prediletas deles, no momento exato em que eram transmitidas, com um antigo equipamento chamado fita K7.
Esse processo levava muitas horas, comumente, dias, para ser concluído da forma desejada. E isso, rezando para vinheta da rádio não entrar no meio da canção (ou o DJ emendar uma outra música nela) e estragar todo o trabalho.
Essa era a maneira mais comum que os selvagens possuíam de fazer coletâneas musicais.
Mas e o rosto dos artistas? Eles também queriam não apenas vê-los na TV, mas assisti-los a qualquer momento sem precisar depender da programação das emissoras.
Para isso, o processo de coleta era semelhante ao da rádio. Os nativos viam os programas da famosa Televisão Musical, o principal canal do gênero e ali ficavam esperando que suas músicas aparececem para gravarem em outro tipo de mecanismo, a fita VHS.
Esse aparelho era interessante por ter três níveis de gravabilidade: rápido, mais tempo de gravação e qualidade menor; médio, tempo e som razoáveis e lento, ótima qualidade, mas pouco tempo de vídeo.
Era uma época em que tudo tinha que ser calculado com muita precisão, tudo era grande e ocupava espaço nas prateleiras, não em minúsculos HDs...
Claro, que haviam tanto na rádio como na TV, os programas em que apareciam as canções mais pedidas (por carta ou telefone, óbvio, já que os habitantes de lá desconheciam totalmente comunicações por email, msn, twitter, etc).
Isso facilitava, mas nem sempre contemplava totalmente os desejos. Quantas músicas boas não estavam incluídas ali? Por isso paciência, principalmente naquela selva, era uma grande virtude...
Esse local, tão pouco avançado, é tão remoto e distante, que só pode ser acessado pela mente de eternos saudosistas.
Estes são os que, mesmo reconhecendo e usufruindo das inúmeras facilidades proporcionadas pelas novas tecnologias, ainda recordam tais experiências e conseguem achar que toda aquela trabalheira absurda, guardava em si, um prazer indescritível, o da conquista, a vitória ao se conseguir os objetivos traçados - mesmo que fosse apenas gravar a música ou o clip do momento...
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pablo silveira